Vivemos na era dos encontros. Um dos mais devastadores para a cultura
moral em nossos tempos é aquele que acontece todos os dias em muitas
casas e escritórios – o encontro entre a pornografia e o ciberespaço.
Esse “abraço” tecno-sexual liberou uma gigantesca onda de atrativos
sexuais por meio da pornografia da internet. É a sacanagem cibernética. É
muito difícil avaliar corretamente os estragos que esse voyeurismo – a
observação do sexo como objeto de prazer pessoal – fará na alma moral da
nossa cultura.
Antigamente era preciso correr o risco de deixar o conforto (e a
segurança) da casa para ir até à zona de prostituição das cidades. Hoje,
a internet – esse gigolô digital – traz a zona até sua casa. É uma
espécie de pornô-delivery. No conforto de casa, “protegido” pelo
silêncio da madrugada (eufemismo para “oculto atrás do anonimato”),
muitos crentes (para ficarmos no âmbito do nosso público-alvo) dão vazão
aos delírios mais lascivos de suas almas.
A pesquisa “O crente e o sexo” mostra resultados alarmantes quando o
assunto é a pornografia na internet, no chamado “meio cristão” (sem
trocadilhos, por favor!). A masturbação, a desconstrução do sexo e o
apelo desesperado pelas fantasias levam para a cama dos crentes o
dualismo dos amantes imaginários: o marido sonhando com a dançarina do
site; a mulher, com o galã na novela.
Internet é território “livre”. Uma espécie de “terra” de todos e de
ninguém. Na expressão de Edgar Morin, “No Place” (um não-lugar). O
filósofo pós-moderno Mark Taylor declarou: “A terra sem lei de um povo
falível, que está eternamente acima do bem e do mal, é o mundo de
Dionísio, o Anticristo, que chama todo vagabundo para o carnaval, a
comédia e a carnalidade”. Nessa “terra” tecnológica e sensual, ninguém
censura nada. “É proibido proibir”, velho slogan, velhos pecados. Não há
limites. É a terra en-cantada – ou pior – o reino des-encantado da
sedução digital.
Chegamos a um nível de facilitação lasciva admirável, qualquer lugar,
hora e aparelho serve como porta de entrada ao reino do lingerie:
celular, iPad, iPhone, notebook, PC, TV, revistas e afins... A lista é
grande, feia, suja, provocante e ilusória (o Photoshop que o diga...). A
indústria, há tempos, rendeu-se à pornografia da internet. Milhões são
investidos em propaganda, acessórios e mentiras. As mulheres são, cada
vez mais, negociadas como mercadorias de sex shop. Trocou-se a poesia do
romance pela pegação atordoante. Do MSN ao Youtube, das redes (às
vezes, de esgoto) sociais ao Google (o avatar da deusa Mídia), o
“banquete” erótico está servido.
Só para lembrar: sexo na Bíblia só é celebração quando está dentro do
casamento – seu lugar de origem e propósito – seu ambiente de amor. Sexo
na Bíblia é bênção de Deus, não uma aventura fisiológica diante de uma
tela com seus megapixels e suas garotas cibernéticas. Sexo na Bíblia é
uma caminhada na história – a dois – compartilhando não apenas o que
rola na cama, mas o que se constrói no chão da vida. É atestado quando
se levanta da cama, e não apenas quando se deita.
Como dizia Erasmo (o teólogo, não o “Tremendão”): “O casamento da mente
será maior que o casamento dos corpos”). Que a maldição da pornografia
digital não destrua a abençoada realidade do sexo no casamento.
Não faça esse “login” do mal.
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